Desabotoou,
tirou a camisa.
Desabrochou
no canto do jardim
a flor da pele lisa.
Perfumou os novos espaços
com toque suave nas mãos,
o encanto colorido na colcha de lã.
Despetalou-se no verde vento
onde as coisas que ficam na memória
tocam mais forte, vez ou outra, o peito.
E Eu, Eu vou bem
sem ter nada mais para trás
tudo que hoje me faz
está aqui e um pouco mais ali a frente
onde vou projetando meus sonhos.
Despedaçou-se aquele castelo
que construí ontem, há um tempo.
E os Reis, soterrados morreram.
E Eu, Eu vou bem, renascendo
após morrer de desdém, de tédio.
Soterrado.
Desabotoou, a flor desabrochou
e o vento vem soprando, me levando
tal como as flores de um dente-de-leão
que deseja, senão, não desejar nada.
Uriel Cordeiro