sábado, 30 de setembro de 2017

Coruja a me olhar


Olhos fechados
a pele verde
vi um ser flutuando
no negro infinito
dos meus olhos

Feito de retalhos de papel
cada folha, uma poesia

Mas uma Alma feita de papel
se queimar, se ia, se molhar, corria,
se ventar, escondia

A coruja a me olhar...
Me olhava, sem parar

Meu corpo estremeceu-se
num estalo de olhar,
entre o aqui e lá
pude ver o que há

De olhos fechados havia
uma coruja a me olhar

Zóio preto, profundo
tipo coisas de outro mundo

Vi mi'Alma a se espalhar
feito folhas que o vento quer levar
e tudo se desorganizando
para se reorganizar


Uriel Cordeiro



terça-feira, 12 de setembro de 2017

SENTIDO
ODITNES

É de se esperar
que sofram os jovens
que se permitiram sentir
sentir um pouco de amor e compaixão

Só se pode esperar a lágrima triste
daqueles que por um instante puderam sentir

Meu peito jovial tem batido
meio parado nos tempos contrários
de seu pulsar
é tanta e tantas
que além da crise deles
tem a minha que vem se envolvendo
demais com o Tempo
parando no Espaço do Pensar Maior

Ó, mas é de se esperar, né?!
O que vai fazer o jovem
que se permitiu fazer aquilo
que eles não querem que você faça?

Às vezes não sei se choro quieto
ou se grito pelas ruas
até que rasgue minha última corda vocal...

É de se esperar que os que sentiram, sentirão.
E os que não, não.


Uriel Cordeiro