quinta-feira, 21 de junho de 2018

A noite diz sempre mais
acordado, madrugada
os ponteiros já se perderam

lá fora as Almas correm
em busca de se manifestarem
em algum mundo real

a  noite diz sempre mais
que a própria escuridão

cai o véu de estrelas
no céu, mil coisas acontecem
na Terra nessa exatidão

Os ponteiros se perderam
no tic-tac do novo mundo
que surge quando chega a noite

vai embora o dia
a noite toma em mim
um lugar só seu em meu peito
onde o mundo é desfeito e
nada corre como deveria
nessa noite que é só minha...

Uriel Cordeiro
Minha poesia é o meu mar
trasborda da mão esquerda
inunda meu continente
a terra não é mais firme

o sol vai se apagando
aos poucos
Poeta se afogando
na própria imensidão

Minha poesia é o meu rio
que corre nas veias da inspiração
o sangue vivo de Vida
onde mergulho em busca de mais
me perco, me encontro
como num mergulho nas águas
do Rio das Almas

Poeta carrega sempre
um grande rio dentro de si
onde se joga, mergulha
afoga, renasce e segue.

Entre o continente
e o mar, corre o rio,
rio que liga a terra
com a água...

Corredeiras do meu peito.


Uriel Cordeiro

quarta-feira, 6 de junho de 2018

As avencas no muro


Querem me dizer algo
as avencas no muro
em um beco frio
num muro de perdas

Entre as pedras
brotam verdes
as avencas

Um grande muro
que dizia com sua presença
algo insondável pela mente
coração saltou do peito

O vento no beco
soprava as avencas
que iam mais longe
nesse grande muro
de perdas

o frio, o muro
as avencas...

Tudo isso dizia algo
maior que minha
compreensão.

As avencas no muro
diziam tantas coisas
que deixei de lado
o  interesse em entender...

Vivi um instante
como fosse uma avenca
num grande muro de pedras.


Uriel Cordeiro