quarta-feira, 19 de maio de 2021

A flor sem seu galho
instantes depois de cair,
um voo meio falho,
o que há de florir?

A luz do fim do dia
sem ter onde pintar,
pinta o alto céu

Aquelas nuvens
que ficam tão longe,
como fosse de outro mundo,
feitas por um velho pincel

Ao ar livre cai a flor
que despende do galho,
cai sobre a luz
que pinta o céu ao fundo

A flor, o céu, a luz e o galho
tudo num instante
registrou-se em mim
como num voo falho

As coisas todas se encaixando
num stop do tempo
que fez minha mente
um instante, um segundo

A poesia surge assim
tem certa magia, tem sua alegria,
perceber que a vida é isso,
um instante, um ato, 
a queda de uma flor
bem no meio de um prato.

Uriel Cordeiro