instantes depois de cair,
um voo meio falho,
o que há de florir?
A luz do fim do dia
sem ter onde pintar,
pinta o alto céu
Aquelas nuvens
que ficam tão longe,
como fosse de outro mundo,
feitas por um velho pincel
Ao ar livre cai a flor
que despende do galho,
cai sobre a luz
que pinta o céu ao fundo
A flor, o céu, a luz e o galho
tudo num instante
registrou-se em mim
como num voo falho
As coisas todas se encaixando
num stop do tempo
que fez minha mente
um instante, um segundo
A poesia surge assim
tem certa magia, tem sua alegria,
perceber que a vida é isso,
um instante, um ato,
a queda de uma flor
bem no meio de um prato.
Uriel Cordeiro