segunda-feira, 19 de julho de 2021

Eu vejo e sinto meu corpo em transformação
dores nas costas, no peito e na articulação 
meu peito ardendo em pensamentos pesados
que nem mais a estrutura da mente suportava

Me vejo mudando entre corpo e mente 
vejo que minha mente pode agora se notar
e intencionar energias que fluem no corpo
e o coloca em disposições diferentes

Transformações que são como sustos
pois me confundo com os sinais 
as vezes entro em paranoias e medo de morrer,
mas tudo que se transforma morre um pouco ...
Nasce um pouco também, enquanto morre...

De morte em morte, portanto, vou nascendo
vou sendo e deixando de ser, integrado na matéria
mas pronto para dela me dissipar
enquanto estou, vou no meu voo 

Percebendo a existência em suas dimensões
percebendo o agora no ato de existir 
existindo no ato, enquanto sou
e não sou mais.

De morte em morte, vou nascendo.

Uriel Cordeiro

19/7/21


 

terça-feira, 13 de julho de 2021

Eu preciso desse delírio,
não desminta essa flor branca
que nasce nos brejos, são lírios

Preciso demais acreditar 
que são perfumadas e que durarão 
para sempre nas curvas úmidas da caminhada

Eu preciso dessas flores de lírios
do brejo do meu coração, que a noite
parecem mais brilhos do que apenas floração

(Dê)lírios de afetos, flores que morrem
mas, enfeitam eternamente o inconsciente 
e alimentam meu delírio de querer existir 

Flores que abrem à noite perfumadas
e logo cedo definham à luz do Sol,
murchas ou fecundadas.

Eu preciso desse delírio, de querer encontrar
em flores o antídoto desse grande martírio. 


Uriel Cordeiro


24/6/21

terça-feira, 6 de julho de 2021

Procuro em mim o natural
aquele impulso primitivo, irracional
Procuro em mim o agora, o involuntário agora.

Procuro nascer de dentro de mim, como nascem 
os chuchus, as sementes, os xaxins
as ervas e os capins.

Isso de deixar de ser e continuar sendo,
ainda vai nos levar além.

Como desmanchar-se sobre o próprio solo
e se nutrir dos próprios elementos
e a cada ciclo mais se elaboram as seivas, as ligninas 
mais se elaboram os ventos.

Procuro em mim, coração-floresta,
o rio que carrega tudo que resta
para jogar-me ao fluxo fluvial 
em direção ao Eu natural.


Uriel Cordeiro


4/6/21