domingo, 30 de abril de 2017

Após minha pele há o Inferno e o Paraíso 


Após minha pele há o Inferno e o Paraíso
nas entranhas, nos vales, mangues, ribanceiras,
nas florestas do meu ser há toda a vida em duas partes
o Inferno e o Paraíso.

Após meus olhos, que em ambos se transformam,
há Deus sentado nas nuvens e o Diabo sentado no fogo.
É só a chama de um arder que se faz chover em seguida
as nuvens do outro, e nessa ficam, Deus e Diabo do meu ser,
num morde e assopra, num chove e apaga...

Discutindo sempre suas ideologias, crenças
e ficam eles na tentativa de se impor sobre mim,
o espectador.

Às vezes, tomo o rumo externo de minha pele
deixo os dois lá... Um na nuvem, outro no fogo,
e vou além do crepúsculo, cruzo a mancha vermelha
do entardecer, desvendo o eterno, o espaço e me perco no tempo.

Quando volto, o pé de guerra ainda está feito.
Chove e apaga, queima e esfria.
Talvez seja esse o destino da Alma aqui nesse corpo.

Após minha pele há o Paraíso e o Inferno, transvestidos de Alma.


Uriel Cordeiro

Clair de Lune 


Sentir tão calmamente
o pulsar da Alma
que vem de dentro para fora
dilacerando todas as questões da vida

Sentir tão amavelmente a dor da Alma
é como a lua, que gira,

se mostra, se esconde
brilha e se apaga na sombra do meu Ser

E dessas teclas tocadas pela vida
só me resta sentir...

Quando o luar
ao fim da noite se despedir...


Uriel Cordeiro


terça-feira, 25 de abril de 2017

A Vida é inconclusiva


A Vida não se conclui
Apenas começou
num susto aleatório
A vida jamais cesou
Mesmo que morramos
amanhã
A Vida há de resurgir
E não se conclui a vida
que virá a seguir

V I D A

Vida, vida
te vi vindo
te vi indo
teve
ida

Vida, dádiva
dívida do viver
tanto vive a vida
que se faz por renascer

inconclusiva
inconcluvida
eternavida
eternamente
Viver.


Uriel Cordeiro

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Coração o que é que fizestes,
onde foi que deixastes de caminhar comigo,
Quando foi que a vida fez-me cego,

por que me deixou seguir
assim tão longe de mim
tão longe do amor?

Coração tu vem servindo-me
 mal e porcamente para bombear
o ralo sangue de Mi'Alma.

Ó, pseudo-idoso coração
não se faça de molenga,
trate agora de desabrochar,
de rebrotar como fazem
as coisas naturais desse mundo
quando ceifadas pela ignorância
das mentes humanas.
Assim, fizeram entre nós.
Ceifaram-nos.

Ó vida,
onde foi que tornara-se
doce o sabor amargo do viver?
Ó Deus, onde ficaram aqueles olhos
de um jovem poeta
que só sabia amar, tudo e o todo?

Onde foi que tu, ó Alma espúria
inverteu-se à matéria
confundindo as partes que me compunham?

Ó coração, o que é que a ti fizeram?


Uriel Cordeiro




terça-feira, 4 de abril de 2017

Um dia despi minha Alma
Que feito uma velha Árvore
Estava cheia de epífitas

Deixei em mim somente
Os galhos, folhas e raízes
Do meu ser

De repente, não aceitei mais nada
Tudo era desencontro
E parecia até que as formas que me cobriam eram aquilo que julgo ser.

Fui desfolhando em contradições
O outono se aproximara mais depressa
Sem saber ao certo sobre meus ideais, todos conceitos estipulados
Pela "alta filosofia do Eu'', iam folha a folha com o vento.
Incrível, como o céu não se faz somente de nuvens ou de azulão,
A Alma não se faz somente do Eu.


Uriel Cordeiro