terça-feira, 24 de novembro de 2015

Caçador


Devagar, passos leves
não se mexa...
Lá vem a presa,
Não erre.

-Deitado- 

Por dentro acontece a caça,
o lobo negro da minha alma 
surge como uma sombra
- no pé da luz, por trás dos olhos-

A presa é a eterna parte podre,
aquela que vem junto,
como o maior desafio da vida.
Essa caça que muitos esquecem.

A presa... Já está presa.
Dentro de mim.
Sem notar alimentei-a por anos, vidas, milênios.

E preso, por não prender a presa, 
que vive presa dentro da prisão máxima do meu ser
pergunto a ela: - Onde vou te prender?
- Você é eu, ou eu sou você?

Será a presa apenas uma parte do caçador?
E o caçador, apenas uma presa de si mesmo?


Uriel Cordeiro

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Fuga, espaço entre o antes e o depois
é como estar caindo sem saber onde vai cair

É deixar pra trás sabendo que pode cair no antes
E com a dor de ter fugido...

Fuga, às vezes é um erro certo que impede outros erros.
Fuja, mas não afugente seus sentimentos de ti
Fuja se precisar e desista se sentir


Nesse momento quem foge,
Eu fujo,
Tu foges,
Ela foge,
Vós fugis,
nós fugimos,
nós, até nós fugimos
imagina então Eles

Todos fogem de algo que pode os afugentar.

E eu,                                                              
                                   
                                                                       f           u                 j           o   .    .    .






Uriel Cordeiro  
                                                                                                                                               

domingo, 19 de abril de 2015

Leia rápido esse poema


Senti o sentido dos sentimentos
Sem ter tido ressentimentos
soei sem ter tido algum momento
que tenha que ter algum sentimento
Que viva dentro desse momento
que pulse forte sem ter sorte
que aconteça por que sim
que brilhe sem cegar
que ande sem andar
que pare sem cansar
que vá e não chegue
ao fim
para nunca se acabar
estou vivendo
esse é o meu andar

Uriel Cordeiro

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Chamas virgens


submerso, calado
preso em chamas virgens
ao meu lado

Nessas telas o desenho
se forma de tal forma
que não há forma

Chamas, chamam-me,
indeciso; não sei.

A minha vida
é uma fogueirinha de papel
Que não apaga nem com chuva
nem com reza

E as chamas desenham em mim
a virgindade do pensar de dentro

Submerso no fogo
eu me apago
me deleto
me animo
respiro
e o fogo aumenta

Pensar Virgem


Uriel Cordeiro

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Está em você.

Sua voz entra em mim
 como um remédio
  é triste assumir
      mas sim

Depois o que há em mim
  começa a me corroer
   é triste assumir
    mas sou fraco

Tem coisas que precisam
    ficar guardadas
      para sempre
          pois é

É triste assumir, mas
às vezes as coisas
 fogem do controle
  e só sei perder
       pontos

E lentamente caem gotas
 assim como esse poema
      dos meus olhos
         Mas sim

    ainda estou vivo


Uriel Cordeiro
   

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Tem coisas que não se vão,
ficam agarradas na gente,
essas coisas é o que somos,
o que preenche nossa mente

Tem dias que vejo a vida
como a costureira da esquina
vê seu trabalho; retalhos para todo lado,
linha e agulha na mão para dar forma

Essas coisas que ficam agarradas na gente
é o que somos,
pois não passamos de meros costureiros(as)
da vida, que junta e separa retalhos
do que vivemos
em busca de dar forma as lembranças que temos.

E eu, enquanto costurava a vida, me prendi
em algum nó dessa costura
perdi num palheiro a minha agulha.

Agora só vivo a busca de buscar,
buscar para continuar a costurar
coisas boas que essa caminhada pode me dar...

Mas enquanto isso, estou preso em algum nó
escrevendo esse poema.

Uriel Cordeiro

terça-feira, 31 de março de 2015

Não sei a pena
que certas coisas valem,
se é a das minhas asas
ou se é a do meu coração.

Uriel Cordeiro

segunda-feira, 30 de março de 2015

Gosto dos detalhes
dos pequenos e complexos detalhes
que a vida nos dá.

Quando abro os olhos pela manhã
sinto um breve saber da alma
que viajava em devaneios

Então, quando o corpo toma conta da alma
o dia começa e tudo é luta...

Mas ainda gosto dos breves e complexos detalhes.

Em mim a dúvida e a certeza são como esse texto;
nada rima, não tem formas, mas são de um profundeza só.

Só e minha, que de tanto ser só minha em mim fico só, sozinho.

E eu, sou apenas um detalhe de mim...

Uriel Cordeiro

domingo, 29 de março de 2015

Sou um sabor amargo
em teus lábios

sou a luz que te cega,
não te deixa ver o escuro
do seu lado.

Sou o seu chão
sem lembrar que
sou areia movediça
sou o ar sujo do mundo....

Eu existo por sorte
na sua cabeça.

Sou a ilusão que te assombra,
o sonho tão impossível
que torna a vida um pesadelo

Eu não sinto
nem sequer o vento

meu coração
meus olhos
minhas mãos
ouvidos, nariz
são instrumentos do instinto,
só as palavras que os fazem
confundir.

Retrocedi e não sei
mais sentir
se foi tudo em vão ou acaso
da sorte?! Eu não sei.


Uriel Cordeiro

terça-feira, 24 de março de 2015

Esse mundo é tão sensível,
tão delicado
que às vezes confundo o toque
do amor com a dor

Nesse mundo é tudo tão ligado
que quando assopro
um dente-de-leão fazendo um pedido
balançam seus cabelos
já em conexão.


Uriel Cordeiro

segunda-feira, 16 de março de 2015

Coleciono promessas,
tantas, tantas
que já nem sei
se vivo no azar
de não cumpri-las

Oh, sim, são muitas,
num complexo
radicular mental
eu me perco todo
sem saber
qual é a minha realidade
afinal

O estômago dói...
Dói, dói.

ardem os olhos feitos de noite
que não cessam
nem quando está dia...

Coleciono promessas,
as levo na mão
nos bolsos
no sapato
na cueca
em mim.

Coleciono poemas
e não virei poesia...

sábado, 14 de março de 2015

Eu decidi desistir
para insistir
no que em mim pode existir

No momento que desisti
do que me fazia existir
deixei de ser o que era
para sentir

Agora que desisti
eu insisto em ser
o que estiver por vir

O que vier é o que serei.
Sou sempre o traço novo,
e eu, desenharei

Insisto em sentir
por que existo
Se sinto
se sinta
se sinta
   sinta
sinta
      sinta
sinta-se


Uriel Cordeiro

sexta-feira, 13 de março de 2015

Com flores cubro o caminho que deixo
Nos choros acho apoio para seguir
Nos cantos me acho perdido entre duas paredes
E o que Eu preciso, senão do aqui?

Com dores cubro o caminho que deixo
Cortes, sangue... Alma sangra e finge não.
Os olhos são breves diante das lágrimas
Que se agitam, feito maré, próximo a uma explosão.

Com risos cubro o caminho que deixo
Daqueles bons momentos que vivi
Que hoje não voltarão,

lentamente derramou-se gotas do queixo.

Acreditando sigo o caminho que fiz
De não esperar para ser feliz
De viver a dualidade para sentir
Caminhando sobre o mal vi o valor
Que o bem tem...

Com erros cubro o caminho que deixo...
E sigo errando por ser um aprendiz.


Uriel Cordeiro