sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Todo dia estou sempre poético,
meu jeito até parece eclético,
ouço samba, piano, pagode,
mas comigo, só poesia pode.

Meu verso é o pensar,
uni(r)versos a criar.
Nos cantos dos muros
observar, a semente
que brota devagar.

Todo dia estou assim,
poesia brotando em mim,
feito, na mata, a resistência
de um velho xaxim.

Ser dor e ser sangria,
ser sorriso e euforia,
entre tantos sentimentos,
ser pra sempre poesia.


Uriel Cordeiro


sábado, 26 de outubro de 2019

Meu coração ingênuo
se faz de louco,
ingere sabido o veneno,
depois chora roco.

Chora rápido e pouco
esse coração virado,
por dentro deve estar oco
ou quase que parado.

Esse coração, portal
que nunca se abrira,
derrama agora seu pranto
desmascara o amor e a ira.

Procura o doce sabor
do sentir a velha dor,
de roer o osso podre
que o tempo já levou.

Esse coração ingênuo
feito um grão de feijão
germinando num pequeno
pedaço de algodão.

Uriel Cordeiro

segunda-feira, 15 de abril de 2019

O nome das coisas


Aquilo que é,
que aparece
como a fé
que está.

A palavra em si.
o sentido vem,
antes do aqui
o que mais tem?

Tem as causas
desse agora. Mas,
o nome das coisas,
ora, pode confundir
as bolas

O que se é,
só é por ter sido
o fio, a agulha e a linha,
o tecido, só é tecido
por antes ter sido,
aquilo que o faria
sentido.

Não surge semente do nada,
vem das seivas, da terra,
as forças dessa guinada,
dos ventos, do ar,
do Sol a brilhar.

O que parece ser, dificilmente é,
mil coisas por trás dos nomes
dos atos, dos fatos, dos rostos,
dos olhos, dos gostos, das roupas,
do esboço, da vida, da lida e da ida.

Uma semente conhece seu caminho
tão antes de o trilhar,
vem de dentro do fruto
pressentindo desde as moléculas
o seu se expressar
que vem de uma mãe anciã
que o tempo dá

Uma semente não brota
por acaso, nem do além...
Nem tudo que vai vem.


Uriel Cordeiro





sábado, 6 de abril de 2019

A poesia é um álcool
do qual eu me embriago
meu pensamento é verso
estou sempre dando um trago

Ando bêbado e ninguém vê
poesia falando surdina
dou um gole olhando pra você
na mente o verso buzina

Uma garrafa vazia no coração
foram os versos de um passado
a ânsia de uma poesia na mão
o novo traz mais um engradado

A poesia é o álcool
estou sempre bêbado
tonto em versos
tropeçando em rimas
filosofando num boteco
minhas dores toleimas

Chega a noite e me embriago
olhando para os seus olhos
pude ver o meu estrago
que com um só verso
esmago.


Uriel Cordeiro