sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

O que vejo quando abro a janela?


Dias fechado, sob a cortina, sem luz,
meu peito em aberto, na escuridão do quarto.
Dias fechado, abro a janela: o que vejo?

Luz derramando-se sobre minhas coisas,
meus pensamentos, Sol!!!

Cegueira branca.

- Voltei.

Vi o Mundo, a cidade toda vindo,
vindo e vindo sobre as pessoas.
A gente se espremendo, sem se tocar
se odiando, precisando se amar

Encaixotando, subindo, elevador
e a dor se elevando.

- Ah, será que fecho a cortina?

- E deixo a cidade crescer sobre mim...?

Despertador nem tocou ainda,
estou estando à frente do Tempo
apressado além da pressa

Abri aquela janela, e fui abduzido por ela,
do quarto pra fora onde mi'Alma cresceu,
agora cresce sobre nós, aquilo que criamos,
que estamos fazendo para nosso ''bem-estar''.


Fechei a janela e fui dormir de novo.
É domingo, chove lá fora.


Uriel Cordeiro


quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Desabotoou,
tirou a camisa.
Desabrochou
no canto do jardim
a flor da pele lisa.

Perfumou os novos espaços
com toque suave nas mãos,
o encanto colorido na colcha de lã.

Despetalou-se no verde vento
onde as coisas que ficam na memória
tocam mais forte, vez ou outra, o peito.

E Eu, Eu vou bem
sem ter nada mais para trás
tudo que hoje me faz
está aqui e um pouco mais ali a frente
onde vou projetando meus sonhos.

Despedaçou-se aquele castelo
que construí ontem, há um tempo.
E os Reis, soterrados morreram.

E Eu, Eu vou bem, renascendo
após morrer de desdém, de tédio.
Soterrado.

Desabotoou, a flor desabrochou
e o vento vem soprando, me levando
tal como as flores de um dente-de-leão
que deseja, senão, não desejar nada.

Uriel Cordeiro


terça-feira, 24 de outubro de 2017

Onde é que certas coisas começam?


Parei para pensar: certas coisas
começam onde, afinal?
É, tem coisas que começam no começo
e só nos damos conta lá longe da jornada.

Nó que se faz fica para trás
e pra evoluir é preciso retroceder
desatar as amarras de outrora
a Alma de fora perceber.

Ah, a infância tão doce
quanto as frutas do pomar
Em meio as árvores
um jardim de solo fértil
a pensar, na sombra das
Árvores tudo podia imaginar.

Onde fizeram-se os nós
que hoje amarram a Alma
a uma resposta de um instante
que fez a cabeça pensante em looping entrar.


É preciso de fora olhar
sentir, se entregar, resistir
pois hora ou outra o nó
encontra-se submerso
em um oceano de lágrimas,
mergulhar fundo será preciso.

Onde começam certas coisas que empurramos
pela vida toda, sem saber como lidar?

Que forças podem ter o pensamento
sobre o destino?

Venho embolado nessas questões
sem saber como lidar, a resposta
está fundo, parece que além de mim.
Há mais além de mim no que me diz respeito.

Vem de onde vim, de ondem vieram
e de onde viemos e para o que viemos....?

Uriel C'onfuso


quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Ah, tem sido irônica a Vida


Se confundindo com a morte
nas trilhas da cidade estreita,
sem nunca contar com a sorte
os olhos sem entender espreita.

Quanta ironia pode ter o destino,
sofrendo as intempéries do acaso,
no correr dos dias, meus sentidos refino
sobre o perceber da existência de um grande Laço.

Tal laço, soa irônico, feito o Fim
que se recomeça no instante exato
em que se cerrou, onde a Vida
vai ao final de sua forma
e se transforma...
Onde acabar é começar
e vice-versa.

Ah, mas tem sido irônica a Vida
e dela sigo rindo pelas ruas
notando em minhas ironias e contradições
um pouco do Mundo que vivo
e um pouco do Mundo de onde vim
Deve ser assim, essa coisa de não entender
por saber que não terá um Fim.

Há acaso no destino?


Uriel Cordeiro




sábado, 7 de outubro de 2017

Da porta do meu quarto


Vi todas as coisas minhas
que faziam o formato
de mi'Alma
que se enrolou entrelinhas

Vi o Céu da janela fechada
o armário aberto, as roupas
saindo de dentro dele
o violão tocando
a poesia sendo escrita

Os números
matéria
estudos

Vi tudo que eu fazia acontecendo
enquanto da porta do quarto Eu via tudo parado
E minhas coisas sozinhas se faziam diante de mim..

Eu na porta, prestes a sair, me vi, sem enxergar
vi minha Vida de mim se livrar, por um instante
tudo leve.

Fechei a porta e me deixei no quarto
sem me deixar além da saída

Nessas, vou sem saber
onde estou afinal...?
Onde me levará essa lida?


Uriel Cordeiro



sábado, 30 de setembro de 2017

Coruja a me olhar


Olhos fechados
a pele verde
vi um ser flutuando
no negro infinito
dos meus olhos

Feito de retalhos de papel
cada folha, uma poesia

Mas uma Alma feita de papel
se queimar, se ia, se molhar, corria,
se ventar, escondia

A coruja a me olhar...
Me olhava, sem parar

Meu corpo estremeceu-se
num estalo de olhar,
entre o aqui e lá
pude ver o que há

De olhos fechados havia
uma coruja a me olhar

Zóio preto, profundo
tipo coisas de outro mundo

Vi mi'Alma a se espalhar
feito folhas que o vento quer levar
e tudo se desorganizando
para se reorganizar


Uriel Cordeiro



terça-feira, 12 de setembro de 2017

SENTIDO
ODITNES

É de se esperar
que sofram os jovens
que se permitiram sentir
sentir um pouco de amor e compaixão

Só se pode esperar a lágrima triste
daqueles que por um instante puderam sentir

Meu peito jovial tem batido
meio parado nos tempos contrários
de seu pulsar
é tanta e tantas
que além da crise deles
tem a minha que vem se envolvendo
demais com o Tempo
parando no Espaço do Pensar Maior

Ó, mas é de se esperar, né?!
O que vai fazer o jovem
que se permitiu fazer aquilo
que eles não querem que você faça?

Às vezes não sei se choro quieto
ou se grito pelas ruas
até que rasgue minha última corda vocal...

É de se esperar que os que sentiram, sentirão.
E os que não, não.


Uriel Cordeiro



quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Veste meu corpo


A chuva que cai lá fora
veste meu corpo
sob as gotas de um só chorar

O oceano verteu-se de dentro do meu olhar
o calor do vulcão em meu peito evaporou as gotas (desse oceano)
que por fim, choveram em minha cabeça quente
esfriando meu corpo que se veste de fogo
mas que se veste de mar, das gotas profundas
que tem meu coração a chorar

Cai a chuva lá fora
meu corpo veste todas as formas
que pode uma gota tomar
veste o formato das nuvens
veste o contorno do céu
das cores brancas de um momento
pré luar
as gotas mais profundas que preciso chorar
rolam leves pelas mãos num poema a criar



Uriel Cordeiro

sábado, 19 de agosto de 2017

Chove lá fora
há dias meu peito
se sente leve
como as penas que voam
do galinheiro após um vento forte.

Choveu dentro de mim
tanto tempo
agora chove lá fora...

A janela do meu quarto brilhou
como um portal que me levaria.
Ah, mas chove lá fora
aqui dentro a brisa leve
pois chove apenas lá fora.



Uriel Cordeiro

domingo, 13 de agosto de 2017

O Tempo das informações
estou para trás... Sou poeta, infelizmente
e sinto a dor e tanto o amor
que fico para trás...

Tanta coisa e eu no meu quarto
vendo o mundo da janela
sob a chuva que cai sozinha lá fora
Tantos entretanto de tanto eu canto
o som complexo que mi'Alma exprimi
nas dobras dos excessos da vida de hoje.

IN-FOR-ME-SE
forme-se
UNI-FOR-ME

Tanto a forma quanto o forme
toma forma conforme se informa
qual forma está tomando sua Alma?
do que informa seu ser? A sua forma de ser.
ser, é das informações que formam a nós.

Tempo de excessos... Sentimento?
Só no recesso...

Corre o fluxo dentre os Espaços
que o Tempo libera

SOCIEDADE.
cidade
tempo passa
e sentir não volta
se não sentir.

Olha a informação!


Uriel Cordeiro


quinta-feira, 20 de julho de 2017

Das minhas terras


Fica sempre muita saudade
A volta é lenta
como se eu fosse desgrudando
aos poucos de algo grudento

Pra lá que vou voltar
vou voltar pro meu Cerrado
ficou nas terras ácidas
a semente que me levará
ao além

Das minhas terras
onde o mato é seco
a boca racha
na cumeeira da capelinha
dos Pireneus

Rio das Almas brilha
ao longe e meu coração
borbulha feito queda d´água

Nas minhas Terras
minhas raízes se fazem melhor

Mas hoje...
sou planta de região específica
tentando sobreviver fora de sua origem
buscando evoluir para se adaptar em tudo
que é lugar...

Das minhas Terras
veio a melhor parte de mim
a parte que se uniu a mim
trouxe além de mim
em si
de si em mi
de lá
foi o
sol

de cá
foi o


Das Terras minhas
a saudade.
Hoje entendo o significado de raiz.


Uriel Cordeiro




sexta-feira, 7 de julho de 2017

Solte as pétalas no ar
das flores que realizam desejos
bem me quer
mal me quer

Solte as borboletas do estômago
sopre o vento frio da barriga
Lá vem as nuvens
Coração a milhão

Desliza nas curvas
Lá vem a chuva

Coração na mão
Frente fria

Dê os passos que prometeu
um dia
não desista de soltar
de largar
para ter
de ser para
ser
solto feito
pétalas de um ensejo
que soprou nas incertezas
de flores que realizam desejos.



Uriel Cordeiro

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Feliz tristeza
era o que vivia
uma tristeza feliz
com a esperança
de viver um dia
uma triste alegria

Sim, estive perto
do meu Fim
agora
estou no início
com a sensação
de estar no Estopim

Mas é de Fim que se faz a vida
essa mesma que é inconclusiva
que começa quando se acaba aquilo que começou
no fim de outra coisa que terminou

Fim, enfim, estamos sempre
prestes ao Final

O Grande Final majestoso
Que soa sempre irônico
tramando por entre-linhas
sempre um novo Começo.


Uriel Cordeiro

Sós no ônibus
todos estamos


O caminho é longo
lento, frio e maldito
Lá fora, só a chuva
e a correnteza nos cantos

Sós no ônibus
desço na última parada
onde a Vida não acaba
onde é o fim da estrada

Nesse ônibus
no último horário
eu volto para casa
Lugar de onde vim
pelo ônibus que peguei na porta

Ó, motorista
pro'nde é que me levará
as correntezas dos cantos
quando descer solitário
no último ponto?


Uriel Cordeiro

domingo, 25 de junho de 2017

A vida é de viver


Todos os instantes
a vida traz de volta
certas coisas que ficaram no Tempo

A vida são ciclos e daquilo que um dia se foi
volta como se nunca tivesse ido
a vida é de viver
e vivendo giram as fases
que ora se repetem
mas nunca iguais

A vida é metamorfose
que gira em torno de um ponto
que brilha pelas forças de uma só luz

A vida é uma caminhada nas montanhas
mas em círculos pequenos
que se alteram ao passo que segue
no Espaço o Tempo que se Vive

Tudo pode voltar a ser como
nunca foi e nunca ser como sempre foi

Por isso, não me surpreende mais
os ''deslizes'' dessa caminhada nas montanhas
que é a vida...
Por isso não me assusta pensar que
um círculo se fecha
enquanto outro se abre

De círculo em círculo
vamos girando no Espaço breve
que é o Tempo que temos aqui nesse instante.

A vida é de viver
e dela sou apenas mais um.


Uriel Cordeiro

Envenenou-me 


Feito um bicho peçonhento
veio o destino nos unir
picou minha pele
e no sangue o veneno passou a fluir

Sob o controle dessa peçonha
transformando tudo em matéria
as curvas eram o perigo
os olhos adormecidos
acreditavam ser de verdade.

Tudo longe, nada perto
tudo perto e ao mesmo
tempo longe.

Envenenou-me e não percebi
essa relação entra e a presa
e o escorpião.

Sujou-me do pior veneno
paralisou-me da forma
mais bestial.

Agora estou envenenado
em quase todas cavidades de mi'Alma
não tem mais predador
agora sou apenas a presa
desesperada tentando se livrar de veneno
que está contido em mim.

Veneno que trocou meus olhos
a forma que vejo as coisas
sujou minha primeira impressão.
Mas ó, confesso que já estava
antes um pouco envenenado,
mas esse predador, estraçalhou
o resto de mim que havia.

(Não é sobre você, escorpião)


Uriel Cordeiro

terça-feira, 20 de junho de 2017

Embriaguei-me no dia do juízo final
Tomei suas palavras para meus olhos
Desfiz-me do passado por inteiro
Deus dará aval aos nossos corações.

Deixei na garrafa vazia a nossa história
O último gole do vinho foi a cura
O trago final esfumaçou diante de mim
Todas pontes que ligavam as duas ilhas

O cinzeiro representava bem o destino
Que tomou a vida nos últimos dias
Lá fora tão frio quanto fui
A lua tão intensa quanto fostes

Não contrastavam os sinais
O copo vazio estava cheio
De algum sentimento que ficou
Na fumaça do último cigarro

Embriaguei-me e te esqueci
Dormi sem perceber
Na manhã seguinte
Tudo estava igual
Menos por dentro.

Ficamos no cinzeiro e na garrafa vazia.

E eu na cama pensando.

Uriel Cordeiro

domingo, 18 de junho de 2017

O último raio de sol 


O último raio de sol
na onda que quebra
na beira do oceano
de frente dos olhos

A última onda iluminada
os raios de sol entubando
entre as paredes do buraco
que é a vida, o tubo sem fim

O último raio de sol
deixa para trás tudo
todos os momentos
aqueles mais difíceis
no cume da montanha
o último raio de sol
se despede...

E minha vida, no fim
fez como o último raio de sol
iluminou a última onda
do meu oceano

Me deu a certeza de que amanhã
será sempre aquela chance
amanhã será sempre a nova possibilidade
de encontrar num turbilhão
a corrente que te leve pra fora

A última onda iluminada
será o seu caminho de fé
será a verdade que rege
as forças do meu coração
feito balanço do mar
com sabor de oceano
que às vezes pelo
meus olhos escorre

Quando ao fim do dia
assisto o último raio de sol que iluminou todo o oceano.


Uriel Cordeiro

sábado, 17 de junho de 2017

Para trás


Eu olho para trás
não vejo nada se não
tudo aquilo que hoje me faz
que preenche meu coração

Para trás eu vou deixando
o velho sentimento que marcou
vou deixando, para ir aos poucos colocando
algo novo que a vida iniciou

Lá trás, antes do atrás
mais atrás que para trás
Lá no fim
que seria o começo

é pra onde a vida volta quando chega
lá na frente, depois de todos futuros.

Para trás de tudo está a vida
o outro mundo do qual viemos
mas nunca se para essa ida
por isso aqui por um tempo estaremos

Mas, sim... Vai ficando para trás
como a pipa que se soltou da linha
e vai indo, vai indo nas correntes
de vento, até que chega sua hora.

Tudo, enfim, um dia fica para trás
inclusive você.
inclusive eu.


uriel

domingo, 21 de maio de 2017

Com a Alma

Calma!!!!

É com ela que se tem
Alma
Da Calma.

A Alma esconde a Calma
que precisa.
Com a Alma
se tem a Calma.

Calma Alma, a chuva passa,
o dia acaba, as estrelas não se vão.

O grito da Alma, traz por trás
do som o tom mais sutil da Calma.

Com a Calma
A Alma.


Uriel Cordeiro


Que trabalho incrível dessa moça. Henrietta Harris.

http://henriettaharris.com/

sábado, 20 de maio de 2017

Passado


Passou
passando
passou
passado
o passado
passageiro

de passagem
o passado
se fez presente

passado
passa
na mente
passando
lentamente
a dor
do futuro
que tinha
em mente

presente
sinto o
passado
passar
para frente
a ausência
daquilo
que se sente

que ficou
no passado-presente.


Uriel Cordeiro

quarta-feira, 17 de maio de 2017



Versos de uma rua sem saída



No fim dessa rua há um muro
No muro dessa rua há o fim.
Os ladrilhos se encaixam
tal como minha Alma se despedaça

As janelas gritam, as portas se fecham
as grades se estreitam
feito mi'Alma em agonia

Quando foi que dobrei essa esquina,
quando foi que vim parar nessa rua?

Para onde eu estava indo, quando virei
à direita daquela avenida principal?

Ó rua sem saída, onde irá levar mi'vida?
Tanto andei em ti, estreita rua, agora
ambos os lados me parecem sem fim...

Ó rua, que é minha vida transvestida
de cotidiano, em qual porta fechada,
dessa rua, entrou mi'Alma?

Ou ela, antes de mim, chegou no muro
que há no fim? Ou chegou ao fim, antes do muro?

Rua sem saída. Sem volta.


Uriel Cordeiro


domingo, 7 de maio de 2017

Enfeites da sala


Na sala
todos enfeites haviam caído
estavam ali
mas desadornando

Lá fora a chuva escorria
no tempo

Na estante
os livros fechados
história escritas
mas não vividas por mim

A luminária piscando
feito as ideias que tenho
que falham no bocal
de sua possibilidade

O tapete
tão limpo por cima
por de baixo...

Mas aqueles enfeites
realmente me inspiraram

Incrível como
a vida imita a Alma
de um poeta, às vezes.


Uriel Cordeiro

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Acordei e não havia chão


Saltei da cama num abismo
O dia amanheceu escuro
Saltei da cama e não havia chão

Ainda estou em queda
após saltar da cama hoje pela manhã...

Ó chão, onde estás?
Espero que amanhã tudo volte ao ''normal''

Ao menos nessa queda
a adrenalina faz suprir a falta de emoção
que havia na minha fria cama...

Hoje acordei sem chão
o mundo todo havia desaparecido
tudo era apenas ilusão

Minha cama foi levada
para dentro de mim
acordei no meu interior
que é um buraco sem fim.


Uriel Cordeiro

domingo, 30 de abril de 2017

Após minha pele há o Inferno e o Paraíso 


Após minha pele há o Inferno e o Paraíso
nas entranhas, nos vales, mangues, ribanceiras,
nas florestas do meu ser há toda a vida em duas partes
o Inferno e o Paraíso.

Após meus olhos, que em ambos se transformam,
há Deus sentado nas nuvens e o Diabo sentado no fogo.
É só a chama de um arder que se faz chover em seguida
as nuvens do outro, e nessa ficam, Deus e Diabo do meu ser,
num morde e assopra, num chove e apaga...

Discutindo sempre suas ideologias, crenças
e ficam eles na tentativa de se impor sobre mim,
o espectador.

Às vezes, tomo o rumo externo de minha pele
deixo os dois lá... Um na nuvem, outro no fogo,
e vou além do crepúsculo, cruzo a mancha vermelha
do entardecer, desvendo o eterno, o espaço e me perco no tempo.

Quando volto, o pé de guerra ainda está feito.
Chove e apaga, queima e esfria.
Talvez seja esse o destino da Alma aqui nesse corpo.

Após minha pele há o Paraíso e o Inferno, transvestidos de Alma.


Uriel Cordeiro

Clair de Lune 


Sentir tão calmamente
o pulsar da Alma
que vem de dentro para fora
dilacerando todas as questões da vida

Sentir tão amavelmente a dor da Alma
é como a lua, que gira,

se mostra, se esconde
brilha e se apaga na sombra do meu Ser

E dessas teclas tocadas pela vida
só me resta sentir...

Quando o luar
ao fim da noite se despedir...


Uriel Cordeiro


terça-feira, 25 de abril de 2017

A Vida é inconclusiva


A Vida não se conclui
Apenas começou
num susto aleatório
A vida jamais cesou
Mesmo que morramos
amanhã
A Vida há de resurgir
E não se conclui a vida
que virá a seguir

V I D A

Vida, vida
te vi vindo
te vi indo
teve
ida

Vida, dádiva
dívida do viver
tanto vive a vida
que se faz por renascer

inconclusiva
inconcluvida
eternavida
eternamente
Viver.


Uriel Cordeiro

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Coração o que é que fizestes,
onde foi que deixastes de caminhar comigo,
Quando foi que a vida fez-me cego,

por que me deixou seguir
assim tão longe de mim
tão longe do amor?

Coração tu vem servindo-me
 mal e porcamente para bombear
o ralo sangue de Mi'Alma.

Ó, pseudo-idoso coração
não se faça de molenga,
trate agora de desabrochar,
de rebrotar como fazem
as coisas naturais desse mundo
quando ceifadas pela ignorância
das mentes humanas.
Assim, fizeram entre nós.
Ceifaram-nos.

Ó vida,
onde foi que tornara-se
doce o sabor amargo do viver?
Ó Deus, onde ficaram aqueles olhos
de um jovem poeta
que só sabia amar, tudo e o todo?

Onde foi que tu, ó Alma espúria
inverteu-se à matéria
confundindo as partes que me compunham?

Ó coração, o que é que a ti fizeram?


Uriel Cordeiro




terça-feira, 4 de abril de 2017

Um dia despi minha Alma
Que feito uma velha Árvore
Estava cheia de epífitas

Deixei em mim somente
Os galhos, folhas e raízes
Do meu ser

De repente, não aceitei mais nada
Tudo era desencontro
E parecia até que as formas que me cobriam eram aquilo que julgo ser.

Fui desfolhando em contradições
O outono se aproximara mais depressa
Sem saber ao certo sobre meus ideais, todos conceitos estipulados
Pela "alta filosofia do Eu'', iam folha a folha com o vento.
Incrível, como o céu não se faz somente de nuvens ou de azulão,
A Alma não se faz somente do Eu.


Uriel Cordeiro

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Sabe lá o que é isso
chegamos a um ponto
em que a maior dúvida
é qual é o ponto?

De ponto em ponto
todos correm pelos pontos
atrasados para dar o ponto
mais perdidos que as pontas
vamos todos nessa viagem
segurando as Tontas

No chão a ponta
me aponta um ponto
o ponto se desfaz
noutro ponto
e eu feito tonto
vou pulando de ponto em ponto
buscar ser o eterno
contraponto
que vai em busca compondo
contendo
contrariando
desmentindo
esperando...
Permitindo e experimentando
Só... E somente só. em busca
do Ponto.

Qual é mesmo o ponto?

.

Uriel Cordeiro

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Nesse Tempo em que vivo



Nesse tempo em que vivo
o maior dilema são as pessoas
elas entre elas
si por si
nós por nós

O Grande Mal do Século
é a nossa própria existência
sendo adormecida pelas
 nossas próprias Ações

Nesse tempo em que vivo
os Seres se distanciaram em Alma
se uniram em Matéria
Em Matéria! O tocável.

Nesse tempo em que vivo
o Deserto e a sede está
Dentro de cada Um de nós
O Amor e a Guerra
está somente em nós
por isso
Todos parecemos Cegos
e Deslocados da Equação
e aparte da situação
Pois os Movimentos
agora, são Internos!!!


Uriel Cordeiro

Alma multidimensional


Calma a Alma
o Vento a Ala
o Sopro a Ferida
repleta de Instantes
que marcam a Vida
passageira e inconstante.

a Entranha do Pensar
pantanal Sombrio do Ser
Crocodilos e Cobras
circundam todo o Fluido
que corre nas Entranhas
onde a Vida se idealiza.

Calma!!! Respira.

olhando através da Vidraça
no Espelho meus Olhos se embaçam
desconheço Aquele
que Olha
Aquele que Chora
Aquele que Sorri
parece que em um
de Todos os Planos
há de Ser Eu
Aquele que Sente
e não Sente.
Aquele que Olha
e não Enxerga.
Aquele que Fala
E por fim,
Aquele que Cria.


Uriel Cordeiro