O que vejo quando abro a janela?
Dias fechado, sob a cortina, sem luz,
meu peito em aberto, na escuridão do quarto.
Dias fechado, abro a janela: o que vejo?
Luz derramando-se sobre minhas coisas,
meus pensamentos, Sol!!!
Cegueira branca.
- Voltei.
Vi o Mundo, a cidade toda vindo,
vindo e vindo sobre as pessoas.
A gente se espremendo, sem se tocar
se odiando, precisando se amar
Encaixotando, subindo, elevador
e a dor se elevando.
- Ah, será que fecho a cortina?
- E deixo a cidade crescer sobre mim...?
Despertador nem tocou ainda,
estou estando à frente do Tempo
apressado além da pressa
Abri aquela janela, e fui abduzido por ela,
do quarto pra fora onde mi'Alma cresceu,
agora cresce sobre nós, aquilo que criamos,
que estamos fazendo para nosso ''bem-estar''.
Fechei a janela e fui dormir de novo.
É domingo, chove lá fora.
Uriel Cordeiro