quinta-feira, 24 de junho de 2021

Inverte tu o teu caminho
que eu o meu inverto
inventa tu os teus ventos
que eu os meus in-ventos

Inventemos nós nossos inversos
desritmados, invertidos, assustados,
diversos, cadenciados no insabido
das curvas além dos versos

Inventem vocês os invertidos caminhos,
inverso do avesso, curvas de um trilheirinho
que é o caminho inverso da busca do pergaminho

Pergaminho que não se acha nas trilhas mais pisadas,
que se encontra no caminho inverso da normal caminhada

Por isso inverto-me e invento-me 
vou com vento e com o verso,
com as mãos e facão
no caminho inverso

Abrindo na mata da poesia o caminho 
que surge num verso e me leva na direção exata
do meu verdadeiro Universo.


Uriel Cordeiro
14/6/21

terça-feira, 8 de junho de 2021

 Poemas que nascem do absurdo,
como a orelha de um velho se torna
um buraco cabeludo e a careca,
um lugar desnudo.

Poemas que nascem do absurdo,
como nascem as jabuticabas
nos troncos das árvores agarradas.

Absurdos belos, espantos alegres,
poemas são surtos de vidas entregues.

Poemas que nascem nos cantos,
brota na fresta entre a mente e o coração,
entre a Alma e a mão.

Poemas são sementes que nascem 
em qualquer lugar, de repente.

São os poemas, ou melhor, a poesia,
que antecede a tudo e a tudo veste
em versos antes que emerja no Universo.

Uriel Cordeiro

8/6/21