segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Breve chegará um tempo 
em que já não bastarão mais
as coisas supérfluas e intangíveis.

Um tempo em que voltaremos
a amar o outro e notaremos 
que sozinho é difícil demais.

Um tempo em que, por instinto,
notaremos a falta do contato, 
do olfato, a falta do ato.

Um tempo em que notaremos 
a falta dos afetos, dos detalhes,
a falta de algo pelo qual a vida vale.

Um tempo em que apreciar 
o doce sabor de uma fruta 
será, de novo, razão para sorrir.

Um tempo em que essa 
velocidade toda nos ultrapassará 
e ficaremos felizes em ficar para trás.

Chegará um tempo em que 
cansaremos da lógica tal como está
e depois disso reaveremos uma parte de nós.

Esse tempo, será quando o tempo do Eu 
ruir por si só, que de tanto si, ficou só 
e agora, de tão só, vai virando pó.

Um pó que vira lama quando molha,
a lama de onde nasce tudo, quando chora,
e que renasceremos dali.

Esse tempo que virá,
no tempo que levar,
trará um novo tempo 
a cada um que o seu tempo 
próprio presenciar. 


Uriel Cordeiro 

22/09/2022


Nenhum comentário:

Postar um comentário